Com este post, damos início a uma nova série sobre “Corredores digitais”, que explorará a Interconexão entre as principais áreas metropolitanas de uma região. Para entender o que queremos dizer com isso, pense nos corredores verdes, conforme mostrado nas imagens abaixo. Um corredor verde é uma ligação de habitat que conecta duas ou mais áreas maiores de ecossistemas de vida selvagem semelhantes separadas por estruturas humanas, como estradas. Isso permite uma troca de indivíduos entre ecossistemas a fim de minimizar os efeitos negativos que podem ocorrer dentro de populações isoladas, como a diversidade genética e a resiliência diminuídas.
Image source: Smithsonian Magazine, Conservation Leadership Programme[i]
Da mesma forma, os corredores digitais conectam dois ou mais ecossistemas de empresas ou setores relacionados em todas as regiões para parceria, colaboração e troca de dados a fim de gerar mais valor de negócio. Assim como a troca entre indivíduos dentro dos ecossistemas de florestas fortalece essas populações, os negócios interconectados com mais parceiros e participantes da cadeia de valor tendem a ser mais resilientes e mais capazes de se adaptarem às mudanças. De acordo com Global Inteconnection Index (GXI) —vol. 4, um estudo de mercado agnóstico publicado pela Equinix, no quarto ano de sua transformação digital, provedores de serviços digitais e líderes digitais possuem mais do que o dobro de parceiros e 35-50% mais interconexões do que seguidores digitais.
Corredores digitais da América Latina
Conforme destaca o mapa abaixo, para a América Latina (LATAM), existem dois corredores digitais principais:
- Oeste – México, Dallas, Los Angeles (serviços e conteúdo em cloud/mídia digital);
- Central/Leste – Brasil, Colômbia, Miami (rede, serviços em cloud e conteúdo/mídia digital).
Além disso, há dois corredores menores, que podem ser menos aparentes, mas possuem grande valor:
- Brasil – Nova York (serviços financeiros);
- Brasil – Miami, Los Angeles (saúde e ciências da vida).
Image source: TeleGeography[ii]
A maior parte do tráfego neste corredor é em cloud e conteúdo/mídia digital, seguida em menor medida por provedores de serviços de rede (NSPs). Isso condiz com o crescimento geral do tráfego da América Latina, já que, de acordo com o GXI — Vol. 4, esses três setores são considerados alguns dos principais em velocidade de Interconexão, com taxas compostas de crescimento anual (CAGR) de 62% (Conteúdo & Mídia Digital), 51% (Cloud & Serviços de TI) e 50% (Telecomunicações).
Com exceção do Brasil, os principais provedores de cloud ainda têm suas regiões localizadas principalmente nos EUA, conforme discutido no artigo “Como se conectar à cloud da LATAM“. Isso significa que as empresas da América Latina estão se conectando principalmente aos EUA para serviços de cloud e de conteúdo, e a rota preferida para a cloud de organizações no oeste da LATAM e no México é via Los Angeles e Dallas. Além disso, o sistema de cabos submarinos Curie, que começa no Chile e chega diretamente ao Equinix International Business ExchangeTM (IBX®), em Los Angeles, abre uma opção de rota do Pacífico para países do Cone Sul. Chegar à cloud requer transporte de rede, e é por essa razão que os NSPs também desempenham um papel importante. Com mais de 200 redes participantes e 1,5 terabits por segundo (Tbps), as trocas de internet de Los Angeles e Dallas combinadas atuam como portas de entrada entre o México e o restante do mundo.
Além disso, com a recente abertura de três datas centers Equinix IBX no México, o país está agora posicionado para se tornar um centro de Interconexão chave para empresas e provedores de serviço que trocam tráfego neste corredor digital. Os NSPs nesses IBX podem alavancar o Equinix Internet Exchange™ para tráfego IP de mesmo nível, de maneira mais econômica, com outros provedores de rede na Plataforma Equinix®. Os NSPs também são capazes de conectar clientes corporativos de maneira direta e segura a provedores de cloud e participantes da cadeia de valor por meio do Equinix Fabric™. O Equinix Fabric permite que os NSPs forneçam interconexões definidas por software para seus clientes em minutos, por meio de um portal ou APIs, para uma resposta mais rápida às demandas de negócios.
Para ilustrar essa questão: um dos NSPs mais proeminentes e inovadores no México precisava fornecer conectividade em cloud que fosse mais confiável do que a internet pública para seus clientes. Aproveitando o Equinix Fabric, a C3NTRO foi capaz de mover seu tráfego de cloud para uma conexão direta e privada com o intuito de fornecer uma melhor experiência de usuário com segurança, desempenho e confiabilidade aprimorados. Como resultado, alguns de seus clientes se beneficiaram de uma redução de 50% na latência.
Corredor Central/Leste – Brasil, Colômbia, Caribe e Miami
Assim como no corredor ocidental, a maior parte do tráfego na região central e oriental da LATAM é composta por serviços de rede, cloud e conteúdo/mídia digital. O caminho mais curto e típico para regiões de cloud para empresas no centro e no sul da LATAM e no Caribe é por meio de aterrissagens de cabos submarinos ao redor da área de Miami. Semelhante ao corredor oeste, o advento de cabos adicionais, como o novo sistema Malbec de cabos submarinos entre Argentina e Brasil, traz novas oportunidades. O cabo Malbec, que chega diretamente aos data centers IBX da Equinix São Paulo, permite acesso de alta velocidade à rede, à cloud, a conteúdo e a outros provedores de serviços no Brasil, reduzindo, assim, drasticamente as latências de seus equivalentes norte-americanos. Espera-se também que seja duplicada a capacidade da Argentina.
O Miami Internet Exchange (IX) conecta a maior parte da LATAM e do Caribe ao mundo e tem mais de 150 participantes trocando bem acima de 500 gigabits por segundo (Gbps) de tráfego, mais que o dobro do volume no início de 2020. A Equinix São Paulo IX também está ganhando importância no mercado, tendo crescido para mais de 135 redes e trocando mais de 500 Gbps de tráfego, quase quatro vezes o volume no início de 2020. Dois IXs mais novos – Bogotá e Rio de Janeiro – também estão crescendo rapidamente. O Bogotá IX, composto por mais de uma dúzia de NSPs e provedores de serviços de conteúdo que atendem aos mercados da Colômbia e do Equador, viu o tráfego crescer 50 vezes desde o início de 2020 e agora está trocando mais de 15 Gbps de tráfego. O mais novo Equinix IX na LATAM, no Rio de Janeiro, cresceu para mais de 1 Gbps de tráfego conduzido por NSPs e provedores de conteúdo, incluindo gigantes de mídia digital, como a Netflix.
O provedor de serviços global Zenlayer queria ajudar uma empresa de jogos da Ásia-Pacífico a se expandir para o Brasil, mas descobriu que a infraestrutura de rede do país não era tão madura quanto a dos mercados desenvolvidos. Ao implantar servidores bare metal no data center IBX da Equinix São Paulo, trânsito de IP local com operadoras brasileiras por meio do portal Equinix IX e conexões dedicadas aos seus pontos de presença globais (PoPs), a Zenlayer, com menor latência e custo, foi capaz de fornecer a mesma qualidade de experiência para os usuários do cliente de jogos que garantia a outras regiões.
Corredores menores – Brasil, Nova York e Los Angeles
Esses corredores menores representam a ligação do Brasil com Nova York para serviços financeiros e do Brasil com Miami e, em seguida, Los Angeles para saúde. Um ambiente fintech único na LATAM, combinado com o rápido crescimento da telemedicina como consequência da pandemia, está impulsionando a troca de dados entre os participantes de ecossistemas digitais financeiros e de saúde.
A empresa brasileira de processamento de pagamentos Conductor utilizou o Equinix Fabric a fim de conectar de forma direta e segura suas plataformas de pagamento Microsoft Azure e AWS. Como resultado, reduziu os tíquetes de suporte ao cliente em 27%, além de ter melhor desempenho e escalabilidade e resiliência aprimoradas.
Leia o GXI para saber mais.
[i] Smithsonian Magazine, The Jaguar Freeway, Oct 2011; Conservation Leadership Programme, Crucial corridor for plants and wildlife in northern Argentina, Oct 2019.
[ii] TeleGeography, Latin America Telecommunications Map 2019, Internet.