A jornada para o Open Health deve seguir o exemplo do setor financeiro

Felipe Mendes
A jornada para o Open Health deve seguir o exemplo do setor financeiro

Em um artigo recente, discutimos os desafios da interoperabilidade no setor da saúde. Devido à importância e atualidade do tema, iremos destrinchá-lo um pouco mais.

A interoperabilidade pode ser definida como uma série de protocolos, padrões e normas que determinam como será feita a comunicação entre cada uma das partes envolvidas em uma troca de dados. É o que ocorre na internet, com o protocolo IP.

Olhando para as indústrias, temos o exemplo do setor financeiro, que promove uma verdadeira revolução com o Open Finance. No entanto, a reestruturação do Sistema de Pagamentos  Brasileiro (SPB) foi feita em 2002, onde o grande passo foi a criação de uma rede de interoperabilidade entre todos os participantes autorizados, o Banco Central do Brasil (Bacen) e demais órgãos reguladores. Esta iniciativa posicionou o SPB entre os melhores do mundo, considerado assim até hoje, e trouxe evoluções importantes no setor além de melhorar a experiência do usuário final, como a extensão dos horários de TED até as 22 horas, tornar possível a implantação do PIX, melhorar o prazo e os custos de compensação bancária.

Outro caso menos visível mas que vale conhecer é o Ponto de Troca de Tráfego (PTT) criado em 2004 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) com o objetivo de fomentar o desenvolvimento da Internet no país. Esta estrutura é atualmente a espinha dorsal da distribuição de conteúdo e mídia no Brasil, aperfeiçoando a qualidade de nossa conectividade com a Internet. Esta rede movimenta milhares de Gbps como a rede de interoperabilidade para empresas classificadas como sistemas autônomos (homologadas com autonomia em roteamento), ou seja, não para empresas comuns.

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Não há um protocolo para o Open Health

A saúde, no entanto, está bem distante do Open Health e dos exemplos citados, sem regulamentação nem um protocolo definido, o que leva a uma dificuldade no levantamento e processamento de informações. Não existe um órgão centralizador que receba dados de fontes diversas e forneça um panorama da saúde no país, sendo que o levantamento mais recente é de 2010. O relatório Indicadores e Dados Básicos para a Saúde (IDB) é resultado de um trabalho feito a várias mãos e que certamente tomou muito tempo dos envolvidos para coleta, processamento e análise dos dados.

Pense que você está em casa preparando um bolo, porém percebe que faltam açúcar, ovos e fermento. Seus vizinhos estão a poucos metros de você e provavelmente têm os ingredientes que você precisa. Porém, como você não os conhece nem existe uma rede formada com eles para a troca de mensagens instantâneas, não tem a quem pedir ajuda. É mais ou menos assim que operam os serviços de saúde no Brasil no que se refere à troca de dados.

Há no país, desde 2020, uma proposta de conectividade por meio da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), definida pelo governo federal como uma plataforma digital de inovação, informação e serviços de saúde para todo o Brasil, que tem o ano de 2028 como prazo de conclusão. No entanto, sabemos que cinco anos no mundo digital é bastante tempo. Como, então, começar a construir o Open Health desde já?

A Equinix já dispõe de uma rede para a troca de dados com facilidade, segurança e fluidez. Além do Equinix FabricTM, temos produtos voltados exclusivamente para troca de tráfego entre as mesmas verticais (Telecom e conteúdo). No caso da rede para sistemas autônomos, os produtos foram combinados de maneira que um participante de uma rede consegue acessar os participantes da outra rede. Voltando para a saúde, poderíamos ter a RNDS conectada via Equinix com plataformas de tecnologia, como os provedores de cloud, SaaS e IaaS, viabilizando não apenas a troca de informações entre os membros da cadeia de valor mas também com outros ecossistemas de negócios e fornecedores.

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Troca de dados agiliza pesquisa contra o câncer infantil

A partir da regulamentação do Open Health, farmácias, hospitais, laboratórios e o SUS poderiam compartilhar dados do paciente, desde que com o consentimento deste, ganhando tempo em diversos processos e resultando em maior assertividade nos diagnósticos e na definição de políticas públicas de saúde, por exemplo. Isso já está acontecendo em alguns países, como a Austrália. O compartilhamento de dados do Instituto do Câncer Infantil do país com seus parceiros de pesquisa tem sido essencial para desenvolver tratamentos contra a doença e medicina personalizada para os jovens pacientes. Anteriormente, os dados tinham que ser salvos em discos de memória física e enviados para os parceiros. Uma resposta levava semanas para chegar. Para acelerar esse processo, eles trabalharam com a Equinix para compartilhar os dados quase instantaneamente entre as equipes de pesquisa dispersas globalmente, integrando e interconectando infraestruturas de multicloud híbrida.

Habilite novas tecnologias na Equinix

Nem chegamos a falar sobre as tendências tecnológicas que dependem do compartilhamento e processamento de grandes volumes de dados e que já podem ser vistas em algumas instituições de saúde, como soluções que utilizam inteligência artificial e análise de dados em tempo real.

A necessidade de interoperabilidade na saúde em tempo real está batendo à nossa porta, e o setor de saúde precisa ter suas infraestruturas prontas para isso o quanto antes. Na Equinix, as instituições de saúde transformam sua infraestrutura de TI isolada em uma arquitetura moderna, conectada e distribuída, mais segura e apta a gerar insights e valor em tempo real.

 

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Felipe Mendes Director, Equinix Brazil
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